segunda-feira, 13 de junho de 2011

A moda é ser nerd


Com a quantidade de nerds que ficaram milionários virou moda se dizer um nerd. Mas como quase toda modinha, essa também é furada. Ter um iPad2, twittar do seu Blackberry, usar camiseta de super-herói e endeusar o Steve Jobs não fazem de você necessariamente um nerd.

Nerd era aquele cara gordinho ou muito magrelo que, ao contrário da maioria da criançada, detestava as aulas de Educação Física e geralmente gostava muito da aula de ciências. Era apaixonado pela bonitinha da classe, mas nas poucas vezes em que havia uma tentativa de diálogo, ele gaguejava e olhava pro chão ou pro caderno e a menina ia embora, achando ele um esquisito.

O nerd passava boa parte do tempo livre estudando, vendo Cavaleiros do Zodíaco ou lendo Senhor dos Anéis e imaginando como seria bom viver naquele mundo. Você caro modinha, sofria o tal bullying na escola? E não tou falando de amigos tirando sarro no dia em que você foi à escola com uma calça furada ou moleques fazendo trocadilhos com o nome das mães. Isso chama-se zueira, e é importante pro moleque ficar ligeiro e desenvolver raciocínio rápido. No dia em que você é o alvo, precisa pensar logo numa maneira de jogar o foco no topete do outro, ou fazer um trocadilho com o nome da irmã do cara que diz que viu seu pai comprando viagra. Pro nerd não tinha esse “revezamento”. Ele era atacado todo dia por todo mundo, tinha uns 35 apelidos nada lisonjeiros e até apanhava porque tirava nota boa de física, quando todos os outros penavam pra tirar a nota mínima.

Você deve estar pensando, taí um nerd, pra saber tudo isso. Não, apesar de ter sido razoavelmente estudioso até o segundo colegial, sempre tive amigos, nunca usei óculos, não li os livros do Senhor dos Anéis, não tinha camiseta do Star Wars, por alguma razão as pessoas costumam gostar de mim e a aula de educação física era de longe minha preferida.

Enfim, você que gosta de novidades de tecnologia e fica postando coisas no seu facebook enquanto tá numa festa ou num restaurante com os amigos, você NÃO é um nerd! Gostar de tecnologia quase todo mundo gosta, e ficar na internet enquanto está com os amigos... bom, só acho isso meio babaca mesmo, ao invés de aproveitar o lugar e a companhia fica aí, escravo desse aparelhinho.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O mundo tá ficando chato

De uns tempos pra cá algumas coisas estão bem mais chatas. O merthiolate já num pode nem arder, os cigarrinhos de chocolate são condenados porque incentivam o fumo e hoje li mais uma coisa que me fez ter certeza que as coisas já foram mais legais: alguns prédios multam pessoas que falam palavrão em dia de jogo e alguns aplicam multa até se estes são falados numa pelada na quadra do condomínio. O futebol, que sempre foi acompanhado de palavrões, agora tem de ser higienizado, todos devem se comportar bem, afinal as famílias e as crianças não podem ser expostas a palavras de baixo calão. Imagina só, se as crianças de hoje não aguentam nem um remédio que arde um pouco, o que dirá ouvir termos chulos. Mais uma tentativa de poupar crianças do que elas vão encontrar fora dos muros do prédio, mais uma regra, uma lei, quando deveria existir apenas o bom senso de pegar leve com a mãe daquele perna de pau que sempre cai no seu time cada vez que ele erra um passe

Qual será a próxima regra ou lei? Proibir os rodízios de carne de servir picanha com gordura? Afinal, carne gorda faz mal, e a busca pela saúde perfeita é a regra. Que tal exames de colesterol, glicemia e pressão alta 4 vezes por ano desde o maternal? Queremos crianças saudáveis, crianças perfeitas não queremos?
Ah, talvez nosso legisladores também possam criar uma lei que determine quais assuntos podem ser objeto de piada. Minorias não podem, é preconceito e as pessoas não podem se deparar com conflitos ou situações em que precisem exercer sua capacidade de argumentar contra algo que as ofenda ou que não concordem, elas precisam ser poupadas.

É bom também que se proíba a venda de alimentos com muito sal, açúcar, farinha refinada e gordura. Mais fácil proibir do que informar as pessoas sobre quais os malefícios de qualquer consumo exagerado do que dar a elas liberdade de escolha. Se queremos uma sociedade boa para todos, não podemos nos dar ao luxo de termos algumas liberdades, não é mesmo? Ainda que eu seja solteiro, sem filhos, sozinho, não posso comer a gordura da picanha e entupir minhas artérias até ter um piripaque e morrer, “eles” sabem o que eu posso ou não, sabem o que é melhor pra mim.

E aquele sorvete de saquinho, que tem vários nomes e na minha vizinhança a gente chamava de geladinho, logo mais será proibido, além de muito açúcar é embalado em plástico, e plástico é coisa do demônio. As cervejas logo serão todas sem álcool, o vinho será suco de uva, mais simples do que educar as pessoas a não dirigirem bêbadas é tirar o álcool da bebida.

Enfim, eu acho que estamos numa época em que o Estado se mete em muitos assuntos que deveriam ser preocupações individuais ou familiares, e deixa de lado o que eles realmente deveriam cuidar. Só espero não estar mais vivo no dia em que proibirem o uso da descarga e do papel higiênico, estaremos cuidando da natureza, mas também ficando um pouco mais porcos. Ops! Acho que estou ofendendo essa espécie que sempre sofreu tanto com comparações preconceituosas. Que nenhum membro mais radical da Sociedade Protetora dos animais me leia...