sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Quem forma sua opinião?

A todo o momento vemos nos jornais, na televisão, na internet, o termo “formadores de opinião”. Muitas vezes não concordamos, pensamos: “eu formo minha opinião!” ou “esse cara não forma minha opinião nem aqui nem no Iraque!”.
A verdade é que por mais informação e conhecimento que tenhamos, por mais personalidade e independência que tenhamos ou acreditemos ter, nossa opinião é sim formada por nossa individualidade, por nossos valores, crenças, mas também pelo que algumas pessoas ou instituições dizem ou acreditam. Estudiosos de psicologia ou sociologia certamente explicam isso melhor do que eu, um mero observador, então vou colocar aqui quem são os “formadores de opinião” que levo em conta.

Meus pais
Sim jovem rebelde, não adianta achar que porque você é independente, porque é maior de idade ou porque não mora mais com eles, que eles não participam da formação da sua opinião. Boa parte dos meus valores veio deles, boa parte dos meus hábitos também. Quando o assunto é educação sempre levo em conta o que diz minha mãe, afinal ela é professora há anos, e está sempre estudando e se atualizando. Quando é política, sempre ouço meu pai, apesar de ultimamente discordarmos em algumas coisas. Enfim, meus pais são formadores de opinião pra mim, e acredito que pra maior parte das pessoas, infelizmente até pros filhos do Collor, do Sarney.

Amigos
Obviamente levamos em conta a opinião daquelas pessoas que estão com a gente, que conhecem assuntos que nós nem sempre conhecemos e às vezes enxergam as coisas por um lado que nem havíamos pensado. Muitas vezes a opinião deles é levada em conta justamente pra pensarmos o contrário, afinal, não é porque é amigo que tem de pensar igual.

Políticos
Sim leitores, políticos! Apesar da crise de credibilidade, apesar de sermos representados por muita gente ruim, ainda há alguns políticos que sempre paro pra ouvir, sempre que vejo uma entrevista no jornal ou internet, leio. No momento não me lembro de muitos, mas Cristovam Buarque e Fernando Henrique Cardoso sempre têm algo a dizer além do “discurso-pronto-orientado-pelo-marqueteiro”, e eu concorde ou não, sempre quero saber o que dizem.

Tostão
Quando se trata de futebol eu leio e presto muita atenção ao que diz o Tostão. É ponderado, não viaja achando que os times deveriam jogar com 6 atacantes nem diz que no tempo dele tudo era melhor. Às vezes tudo é relativo demais pra ele, e isso me irrita um pouco, mas é um dos melhores cronistas esportivos.

Ah, e é claro, tem também aqueles que eu levo em conta para não formar minha opinião. Leio ou ouço pra ter ainda mais certeza de que eu penso o contrário.

Fanáticos
É sempre interessante ler opinião de quem é tão contra algo ou alguém que nem mesmo pesa mais os pontos negativos e positivos, que critica só por criticar. Política, religião e futebol são as áreas mais propícias a ter gente de posições extremas, que confunde ter personalidade ou posição com falta de bom senso e incapacidade de ouvir o contrário. Um fanático religioso acha que só os seguidores da religião dele vão pro céu, um petista fanático acredita que o PSDB quer vender o país pros EUA e para um anti-petista, o PT quer instalar uma ditadura com uma guerrilheira assassina. É sempre bom saber o que um radical tem a dizer, tanto pra ver como uma pessoa fica ridícula quando coloca dogmas à frente de fatos e argumentos, quanto pra dar risada do cômico de algumas posições.

Paulo Henrique Amorim
Quando trabalhava no Sindicato dos Comerciários em Avaré, participei de um congresso da categoria. Após ver uma palestra muito boa do Cristovam Buarque, em que ele falava principalmente da importância da educação para a qualificação profissional, vi uma palestra do Paulo Henrique Amorim. Que decepção! Ele mais parecia um animador de auditório. Com sua voz peculiar falava em tom de discurso eleitoral, dando ênfase em tudo que ele acreditava que sindicalistas gostariam de ouvir. Desancava jornalistas críticos do governo Lula, chamando uma delas de urubu, de feiosa, ou seja, altíssimo nível. Desde então, tudo que ele diz ou escreve me deixa com o pé atrás, e uma palavra me vem à mente sempre que o vejo ou lembro dele: patético.

O Papa Bento XVI
Depois do silêncio em relação aos padres pedófilos e ao ser contra camisinha, praticamente tudo que ele diz eu procuro saber pra não levar em conta. Em minha opinião, alguém que é o representante máximo de uma das maiores instituições do mundo deveria liderar a revisão alguns dogmas, pois tem uma responsabilidade imensa. Bom, ao menos concordo com ele quando pede paz entre muçulmanos e judeus.

E você? Quem é formador de opinião para você? Quem você leva em conta ao tomar posição sobre algo?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Aos 30 anos

Algumas idades são como marcos na nossa vida. 15, 18, 20, 25, 30 anos... Não lembro bem dos meus 15, acho que não fiz festa, nem sei o que ganhei. Dos 18 sim, estava me tornando maior de idade, terminando o colegial, seria o primeiro da turma a tirar carteira de motorista (apesar de até hoje só dirigir em extrema necessidade, sim, preciso mudar isso urgentemente), e surgia aquele sentimento bobo que tem quem faz 18 anos: ”agora eu sou um homem, não mais um menino”. Os 20 não me marcaram muito, eu ainda tinha os mesmos amigos, morava em Avaré, não estava na faculdade, pois tinha largado o curso de Ciência do Esporte em Londrina. Era como fazer 18 anos com um pouquinho mais de experiência. Aí vieram os 25. Tinha me formado há 6 meses, estava de volta à casa dos meus pais e começava a cair a ficha de que agora sim, nem pras estatísticas eu era considerado “jovem”, e sim “adulto”. Bom, os anos foram passando, com meus altos e baixos, e em agosto fiz 30 anos. Ao contrário de muitas pessoas, não tenho problemas com isso, acho até legal, pois como me disse alguém: “você ainda não tem idade pra ser chamado de coroa, nem mais idade para ser considerado moleque, você é simplesmente homem”. Não sei se as pessoas também pensam assim, mas eu gostei do raciocínio e quando alguém disser que estou ficando velho vou recorrer a ele.
Mas fazer 30 anos também tem seu peso. Quem faz 30 anos sente que não há mais muito tempo pra errar, ou se há tempo, não quer mais errar. Não quer mais vagar de um trabalho pra outro, e principalmente, não quer ficar sem trabalho. Você ainda tem muita vida pela frente, mas para trás já tem o suficiente para parar e pensar no que fez dela até agora.
Seus amigos de infância estão na maioria casados, e se não estão casados estão quase. Alguns te olham com inveja por você ainda estar solteiro, alguns te olham com pena, te achando um desajustado que não consegue ter um relacionamento sério.
Aos 30 anos aquela turma homogênea que você via quase todos os dias quando tinha 18 anos está cada vez mais heterogênea e se vendo cada vez menos. Um já tem filha, outro se casou e luta pra se estabelecer como profissional liberal, um faz a segunda faculdade porque a primeira foi só pra garantir emprego e outro você quase não fala e não vê, mas apesar de não dizerem, talvez seja melhor assim, pois ele ainda tem a mesma energia dos 18 anos, e você decididamente não tem mais. Mas é um alívio quando aos 30 anos, nos raros momentos em que você fala com cada um deles, vê que o essencial não mudou, eles ainda são aqueles caras que levariam um soco por sua causa, apesar de ser razoável  que caras de 30 anos não saiam levando socos por aí, seja por si mesmos, seja por um amigo.
Aos 30 anos os amigos da faculdade também mudaram. Alguns que nem eram tão amigos passam a ser, outros que você se dava tão bem você não fala mais nem pela internet. Essa turma é diferente, tem gente que passou dos 30, gente que mal chegou aos 25, mas é justamente essa diversidade que faz com que ele sejam tão importantes. Alguns estão progredindo rapidamente na profissão, outros estão se lamentando pelo curso escolhido, alguns foram pra áreas que nem imaginavam, mas todos estão ali, lutando por um lugar. Vocês não conseguem mais beber dia e noite por 4 ou cinco dias seguidos, e hoje em dia não há mais caixas e caixas de cerveja na república de cada um, mas sempre que se juntam vocês se lembram de estórias da chamada melhor época da vida.
Aos 30 anos você não acha mais uma tragédia quando está em casa num sábado à noite, e nem se considera um fraco porque bebeu menos nesse carnaval do que naquele carnaval na praia aos 20 e poucos anos. Você revê muitos conceitos, mas tenta não virar um velho que acha que brincadeiras são coisa de quem não tem o que fazer. Você É um adulto, não precisa fazer força ou ser sisudo para se PASSAR por adulto. O mais importante é que aos 30 anos você não precisa se agarrar a verdades absolutas, mas é bom que já tenha parado de fazer concessões que vão de encontro a seus princípios. Você tem responsabilidades e objetivos que não tinha, mas pode reservar tempo pra falar abobrinha em um bar, e quem sabe, quem sabe, até mesmo dar uma cambalhota em um churrasco entre amigos. Afinal, melhor dar essa cambalhota agora, quem garante que você conseguirá aos 40? Ou melhor, quem garante que seus amigos estarão lá, para ainda achar isso engraçado?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Amigos

Dia desses estava pensando nos meus amigos. Nos mais antigos, nos mais recentes, nos de Avaré, nos que fiz na faculdade. E apesar de saber que cada pessoa é única, existem alguns “tipos de amigo” que encontrei ao longo desses meus 30 anos. Talvez você tenha algum amigo que une características de vários dos tipos, aliás, isso é bem provável, então vou listar aqui alguns amigos típicos que você provavelmente também tenha.

O 220v
Sabe aquele cara que em um final de semana quer ir a 5 baladas diferentes, 4 bares e ainda fazer um churrasco? Que no sábado quer ir andar de kart, jogar futebol e na volta parar num bar pra tomar uma antes de tomar banho, ir ao cinema e depois pra balada? Todo mundo tem um amigo assim. É um ótimo amigo pra quem é um pouco mais desanimado, porque ele sempre vai te animar e quando não animar ele vai dizer que você está velho. Você, pra provar que não está, vai fazer essa peregrinação com ele. A diferença é que no domingo à noite você vai estar quebrado, tanto física quanto financeiramente e ele vai estar novo em folha, afinal, ele é ligado no 220v.

O organizador
É aquele amigo que organiza as viagens, as baladas e até o campeonato de Winning Eleven. Ele tem um senso de organização acima da média, e acaba deixando todo mundo mal acostumado, porque sabem que se ninguém se mexeu pra viabilizar aquela viagem pro Alasca, ele já deve ter feito a reserva de avião e uma lista de 276 hotéis, com preços e prós e contras de cada um deles. É expert em Excel e a calculadora do celular é sua companheira fiel. Acaba ficando sobrecarregado, pois todo mundo recorre a ele quando não sabe se o quarto de um dos 276 hotéis no Alasca tem cama king ou queen size. Apesar de muito organizado não é um chato, pelo contrário, o pessoal pode tirar sarro da extrema organização dele, mas sabe que sem ele muita coisa não andaria.

O perdido
Esse é aquele que quando participa da viagem ao Alasca acha que está no Quênia. Ou que vai para um bar na Zona Sul quando todo mundo combinou no Centro. Ele dá várias voltas com o carro até encontrar o lugar, por isso o GPS é hoje um dos seus melhores amigos. Se em uma conversa você comenta que o casamento de fulano está chegando, ele responde: “Ahn? É memo??” sendo que todo mundo, inclusive ele, já foi convidado há alguns meses. Às vezes ele se perde dos amigos dentro de uma festa de 60 metros quadrados, afinal, ele é o perdido. Mas tudo bem, quando isso acontece, ele simplesmente encosta num canto e dorme, porque alguém sempre acha o perdido, que aí passa a ser o encontrado.

O mal-humorado gente boa
Sim, pode parecer estranho, afinal quem é mal-humorado geralmente é um saco. Como pode ser gente boa um cara que solta grunhidos, que resmunga como o Rabugento do desenho, ou que te manda praquele lugar só porque você disse que ele tá chato? Em compensação o mal-humorado gente boa sempre tá lá se você precisar dele. Se você torceu o pé e alguém precisa te levar ao médico, ele tá lá. Se você precisa duma carona pra rodoviária, ele tá lá. Faz numa boa favores que outros fariam de cara feia ou nem fariam. Talvez o mau humor seja só charminho, vai saber...

O resolvedor de problemas
O resolvedor de problemas é aquela pessoa que não pensa muito quando algo precisa ser feito. Ele simplesmente faz. De vez em quando acaba sendo meio autoritário, mas não por que quer mandar, mas sim porque muito papo e pouca ação irritam o resolvedor. Geralmente é um engenheiro, uma japa disciplinada ou alguém que sempre teve de se virar sozinho, mas também pode ser tudo isso ao mesmo tempo

O chucrão
Sabe aquele cara que quando uma porta emperra, prefere abrir no chute a chamar o chaveiro? Aquele que abre garrafa no dente, que te joga na piscina de roupa e tudo só pra brincar e não sabe a diferença entre torta e bolo? Ele também costuma ser o primeiro a comprar uma briga, afinal as maiores qualidades do chucrão são a simplicidade e a lealdade canina aos amigos

O engraçado
O engraçado geralmente é aquele cara que não se acha engraçado. Ele não é um piadista nato, mas sempre tem uma tirada instantânea que faz todo mundo rir. Às vezes ele é engraçado só quando está bêbado, às vezes ele é engraçado até quando quer falar sério. O fato é que sem os engraçados toda turma de amigos seria mais chata.

O pau pra toda obra
Aquela pessoa que quando falam dela sempre segue a frase: “nossa, fulano é pau pra toda obra!”. Se você quer tomar uma cerveja e não tem companhia, ele vai, se você quer organizar um churrasco, ele começa a ligar pra pessoas, se propõe a fazer as compras e quando o churrasco começa, ele ta lá, acendendo a churrasqueira, temperando a carne e servindo as pessoas. Precisa de carona, precisa contar um segredo? Ele ta lá também. Enfim, ele é um coringa, faz tudo o que precisar pra ver os amigos bem e ajuda não por obrigação, mas porque é natural pra ele.

O aglutinador
É aquele que todo mundo gosta. Aquele que se a turma se afastar, sempre vai ter vários convites, afinal ele não é amigo de um e só colega de outro, todos o consideram amigo. Geralmente ele não briga com ninguém, mesmo quando teria motivos pra isso, está sempre com um sorrisão na cara e se você ligar pra ele no meio da madrugada de uma terça, ele vai te atender sem te xingar. Andar com ele no seu habitat é um sacrifício, atravessar uma festa de um lado a outro quase impossível, pois ele parece arame farpado em blusa de lã, impossível não enroscar.
É a ele que recorrem quando algum dos amigos fica com frescura e diz que não quer ir a algum lugar com a turma, pois todo mundo se sente mal em dizer não pra ele.

O irmão
Esse todo mundo tem, e para alguns sortudos (me considero um) pode ser mais de uma pessoa. Geralmente, além da grande afinidade, vocês passaram por várias coisas juntos. Podem ficar meses e até anos sem se ver, mas quando se encontram é a mesma coisa. Rolam as mesmas histórias que já enjoaram todas as outras pessoas que escutaram, mas vocês não estão nem aí, afinal, esse passado em comum é uma das coisas que fazem vocês tão amigos. Você sabe que pode contar com ele mesmo quando vocês discordam e ele sempre está preocupado quando algo não está dando certo pra você, sempre torcendo quando você inicia um novo projeto. Com ele não existe falta de assunto, mas se quiserem também podem ficar cada um quieto no seu canto, não é um silêncio incômodo.

E aí, faltou algum tipo? Com certeza sim. E pros meus amigos que leram o texto, alguém se identificou?