terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Natal

Final de ano, Natal = reunião de família. Pra mim, Natal sempre teve esse significado. Era a época em que todos meus tios e primos que moravam fora vinham pra casa dos meus avôs, tinha ceia, presentes, alguma confusãozinha entre a criançada, alguns berros, cerveja, vinho, refrigerante, panetone, peru, tender e um bolo pro meu tio que fazia aniversário no Natal.

O tempo passou, a ceia passou aqui pra casa, minha mãe fica correndo o dia todo, meu pai arruma o quintal, agora são só 3 crianças e um monte de primos e primas já marmanjos. Netos tomando cerveja, às vezes muita cerveja, cachorros, chuva, não tem mais bolo, não tem mais meu vô. Minha mãe sempre diz que queria que as pessoas ficassem mais tempo, mas 1h30 já foi todo mundo embora. Alguns primos vão pra balada beber mais um pouco e passar calor já que ela tá sempre lotada.

Como toda família, a minha tem suas peculiaridades, mas acho que a que mais chama a atenção é que boa parte da família é digamos assim, meio seca... Isso não é uma crítica, eu com certeza sou um dos mais secos. Isso também não quer dizer que as pessoas não se gostem, só que aquele monte de “eu te amo” que a gente vê nas novelas e filmes não acontece muito por aqui. Alguns são mais carinhosos que outros, mas acho que eles acabam ficando até constrangidos em demonstrar. E assim segue o Natal, um tio planeja a pescaria do dia 26 ou 27, outro assa a carne no almoço do dia 25, come e vai tirar um cochilo, o primo mais velho vem pro almoço e à noite a gente vai pro bar, beber um pouco mais.

Resumindo, é todo ano a mesma coisa. Ok, eu fiquei careca, as pessoas tão mais velhas, dá pra notar quando vemos  as fotos. Sabe a hora das fotos só dos netos, só das noras, só dos filhos, só de quem está de azul, só de quem é canhoto e assim por diante, até a hora que alguém se enche e sai da foto? A verdade é que eu gosto muito dessa reunião anual. Uma parte do que sou, defeitos e qualidades, vem dessas pessoas. É a minha família, e apesar dessa minha frieza sei que se eu precisar posso contar com eles, como inclusive já contei.

Já não faço mais planos de mudar, de ser mais afetuoso ou ao menos mais comunicativo. Fiz algumas vezes e não mudei, quem sabe no momento em que eu estiver mais satisfeito comigo mesmo eu melhore com os outros? E como esse ano parece que algumas coisas realmente já estão começando melhor, próximo Natal posso ser, digamos, mais simpático... Por enquanto posso torcer pra que nessas poucas vezes em que todo mundo se reúne eu continue me sentindo bem ao estar ali, apesar de esse ano ter sentido sono bem cedo. Tudo bem, deve ser reflexo dos 30 Natais que já vivi, com essas mesmas pessoas, com essa mesma família.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O que irritou em 2010

Final de ano, e com ele vêm as famosas listas. Já vi uma parecida no site da revista Superinteressante e aqui vai a minha, 9 coisas que mais encheram o saco em 2010. Bom, pelo menos o meu...

Sergio Cabral e suas pérolas
O governador do RJ resolveu seguiu outro político bem conhecido e soltou algumas pérolas em 2010. Xingou o moleque que reclamou da quadra na favela, disse que todo mundo teve namorada que precisou fazer aborto, só faltou dizer que a iraniana Sakineh era uma vagabunda que tinha mais de levar pedrada mesmo. Mas, pra quem já teve o Garotinho no governo, o Rio de Janeiro ainda está no lucro.

Movimentos musicais com a rebeldia de... uma freira
Se é verdade que cada época tem o movimento jovem que merece, fico deprimido em constatar que os de agora são o dos emos e dos coloridos tipo Restart. Jeitinho de bocó, vozinha afeminada, cabelos esquisitos, fãs chorões e letrinhas farofa que parecem todas iguais, além do Fiuk, que de bom só tem a irmã, a delicinha da Cléo Pires.

Simpatizantes políticos xiitas
Foi bem difícil passar meses recebendo e-mails dizendo que a Dilma era uma terrorista desalmada ou que o Serra ia vender o país pros malvados norte-americanos. Confundiram debate político com intransigência, como se o mundo fosse feito de mocinhos e vilões, como nos desenhos animados. Os petistas não admitiam os avanços que começaram com FHC e os tucanos não viam as melhoras que ocorreram em 8 anos. Resultado: cada um deles se juntou com uma corja e ano que vem teremos a Dilma governando ao lado de Sarney e Paulinho da Força, o que não é muito diferente do Serra governando com Caiado e Bornhausen.

Dunga
Taí um cara chato que deve ter irritado todo mundo, até a própria família. Sob a justificativa de “comprometimento” (palavra da moda), convocou jogadores fracos e deixou de fora outros que poderiam decidir partidas, só porque alguns desses não são “modelos de comportamento”. Destilou toda sua amargura e rancor contra jornalistas, ex-jogadores e quem mais estivesse pela frente, sempre com a ajuda do evangélico mais raivoso que já vi, o seu Sancho Pança, Jorginho. Não bastasse isso tudo, deu as costas pro time na derrota pra Holanda, o que mostra o grande líder que é.

Galvão Bueno
Bom, sobre ele nem há muito o que dizer, o cara é sempre um dos mais irritantes, ano após ano. Na Copa conseguiu fazer várias pessoas gostarem do Dunga só por que o Dunga não gostava dele. Sua mais recente “galvanice” foi encasquetar que o Inter era o Brasil no Mundial de Clubes, sendo que a maioria dos torcedores dos outros times acharam muito engraçado a sova que levaram do Mazembe.

Espaço dado a Geyse Arruda e outras “celebridades”
Sim, eu também achei um comportamento digno da Idade Média o que fizeram com ela na Uniban, agora por que todo esse espaço pra moça? O que ela tem a dizer? Nas duas ou três vezes que a vi falando, constatei que nada. Mais um produto duma sociedade cujo programa de TV mais discutido no ano é o Big Brother com seus fortões e gostosas dizendo que são “autênticos, que não levam desaforo pra casa e que fulano está jogando”.

Repetições de cena do Pânico na TV
Ta bom, isso deve irritar só a mim e algum outro neurótico, mas que dá vontade de trocar de canal quando eles começam a repetir por quase um minuto uma cena ou fala, isso dá. Em alguns dias de tolerância zero, eu troquei.

Vampirinhos esquisitos
Como pode ser tão endeusado um vampiro que brilha e não transa com a namorada que está transbordando, digamos, “hormônios”? Mas isso não me irritaria se o filme dele não ficasse 4 ou 5 semanas em cartaz aqui em Avaré, em um cinema que só tem uma sala. Ou seja, o vampirinho sensível não me deixou ver outros filmes que poderiam passar no lugar do dele.

Pessoas que reclamam do tempo não importa como ele esteja
As pessoas passaram meses reclamando que o calor não começava logo. Quando começou, passaram a reclamar que tava muito abafado, muito quente. Aí esses dias refrescou, choveu, e reclamaram disso. Em suma, enche o saco gente reclamando do tempo toda hora, insatisfeitos sempre. Eu já defini, reclamo quando tá frio, não gosto de frio. Hoje começa o verão e eu quero mais é passar calor mesmo.

Listas de final de ano
Todo final de ano é a mesma coisa, fazem lista de tudo, quem “bombou”, quem surgiu, quem morreu, quem nasceu... Bom, mas eu precisava de um post de final de ano, então fiz mais uma que espero que não tenha irritado muito.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ocuparam, e agora?


Certo, o governo tomou o controle do Complexo do Alemão, apreendeu um monte de arma, drogas, vai instalar uma UPP, os políticos vão faturar em cima da operação e tudo mais que era esperado. Mas... e agora??
Essa operação vai servir pra que nosso país repense a política educacional? Afinal, não se trata apenas de uma questão de “mocinho x bandido”, mas de algo mais complexo e com raízes bem antigas. Vai servir pra que comece uma limpeza dos corruptos que estão tanto na polícia quanto nos órgãos do governo? Vai servir pra que medidas contra o tráfico, tanto de drogas quanto de armas sejam adotadas? E os grandões, aqueles q lucram com o tráfico mas tão lá nas coberturas da Barra, vão continuar numa boa ou alguém vai ter coragem de mexer com eles?
Se ninguém for fazer mais nada além de brincar de polícia e ladrão, vai ser como enxugar gelo, prenderam e mataram uns traficantes aqui, logo surgem novos ali, e o problema continua o mesmo.
E as milícias? Será que vai ser como no Tropa de Elite 2? Traficantes colocados pra fora, ela entra, toma conta, e a vida de quem mora nas comunidades continua sendo um inferno, sempre nas mãos de alguém, já que o Estado não faz a parte dele?
Não sou especialista em segurança, nem em educação, não sou político, não sou antropólogo, sociólogo, policial ou traficante, mas sinceramente, espero que não. É só pensar um pouco pra ver que era necessário tomar o controle do lugar, ainda mais depois do clima de guerra que havia se estabelecido com os ônibus queimados, mas se for uma ação isolada não vai ter muita serventia. Sem falar nas denúncias de abuso de poder, de facilitação de fuga de traficantes, sumiço de dinheiro apreendido, mas isso pode ficar pra um próximo post
Por hora fica a pergunta: E agora??

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Quem forma sua opinião?

A todo o momento vemos nos jornais, na televisão, na internet, o termo “formadores de opinião”. Muitas vezes não concordamos, pensamos: “eu formo minha opinião!” ou “esse cara não forma minha opinião nem aqui nem no Iraque!”.
A verdade é que por mais informação e conhecimento que tenhamos, por mais personalidade e independência que tenhamos ou acreditemos ter, nossa opinião é sim formada por nossa individualidade, por nossos valores, crenças, mas também pelo que algumas pessoas ou instituições dizem ou acreditam. Estudiosos de psicologia ou sociologia certamente explicam isso melhor do que eu, um mero observador, então vou colocar aqui quem são os “formadores de opinião” que levo em conta.

Meus pais
Sim jovem rebelde, não adianta achar que porque você é independente, porque é maior de idade ou porque não mora mais com eles, que eles não participam da formação da sua opinião. Boa parte dos meus valores veio deles, boa parte dos meus hábitos também. Quando o assunto é educação sempre levo em conta o que diz minha mãe, afinal ela é professora há anos, e está sempre estudando e se atualizando. Quando é política, sempre ouço meu pai, apesar de ultimamente discordarmos em algumas coisas. Enfim, meus pais são formadores de opinião pra mim, e acredito que pra maior parte das pessoas, infelizmente até pros filhos do Collor, do Sarney.

Amigos
Obviamente levamos em conta a opinião daquelas pessoas que estão com a gente, que conhecem assuntos que nós nem sempre conhecemos e às vezes enxergam as coisas por um lado que nem havíamos pensado. Muitas vezes a opinião deles é levada em conta justamente pra pensarmos o contrário, afinal, não é porque é amigo que tem de pensar igual.

Políticos
Sim leitores, políticos! Apesar da crise de credibilidade, apesar de sermos representados por muita gente ruim, ainda há alguns políticos que sempre paro pra ouvir, sempre que vejo uma entrevista no jornal ou internet, leio. No momento não me lembro de muitos, mas Cristovam Buarque e Fernando Henrique Cardoso sempre têm algo a dizer além do “discurso-pronto-orientado-pelo-marqueteiro”, e eu concorde ou não, sempre quero saber o que dizem.

Tostão
Quando se trata de futebol eu leio e presto muita atenção ao que diz o Tostão. É ponderado, não viaja achando que os times deveriam jogar com 6 atacantes nem diz que no tempo dele tudo era melhor. Às vezes tudo é relativo demais pra ele, e isso me irrita um pouco, mas é um dos melhores cronistas esportivos.

Ah, e é claro, tem também aqueles que eu levo em conta para não formar minha opinião. Leio ou ouço pra ter ainda mais certeza de que eu penso o contrário.

Fanáticos
É sempre interessante ler opinião de quem é tão contra algo ou alguém que nem mesmo pesa mais os pontos negativos e positivos, que critica só por criticar. Política, religião e futebol são as áreas mais propícias a ter gente de posições extremas, que confunde ter personalidade ou posição com falta de bom senso e incapacidade de ouvir o contrário. Um fanático religioso acha que só os seguidores da religião dele vão pro céu, um petista fanático acredita que o PSDB quer vender o país pros EUA e para um anti-petista, o PT quer instalar uma ditadura com uma guerrilheira assassina. É sempre bom saber o que um radical tem a dizer, tanto pra ver como uma pessoa fica ridícula quando coloca dogmas à frente de fatos e argumentos, quanto pra dar risada do cômico de algumas posições.

Paulo Henrique Amorim
Quando trabalhava no Sindicato dos Comerciários em Avaré, participei de um congresso da categoria. Após ver uma palestra muito boa do Cristovam Buarque, em que ele falava principalmente da importância da educação para a qualificação profissional, vi uma palestra do Paulo Henrique Amorim. Que decepção! Ele mais parecia um animador de auditório. Com sua voz peculiar falava em tom de discurso eleitoral, dando ênfase em tudo que ele acreditava que sindicalistas gostariam de ouvir. Desancava jornalistas críticos do governo Lula, chamando uma delas de urubu, de feiosa, ou seja, altíssimo nível. Desde então, tudo que ele diz ou escreve me deixa com o pé atrás, e uma palavra me vem à mente sempre que o vejo ou lembro dele: patético.

O Papa Bento XVI
Depois do silêncio em relação aos padres pedófilos e ao ser contra camisinha, praticamente tudo que ele diz eu procuro saber pra não levar em conta. Em minha opinião, alguém que é o representante máximo de uma das maiores instituições do mundo deveria liderar a revisão alguns dogmas, pois tem uma responsabilidade imensa. Bom, ao menos concordo com ele quando pede paz entre muçulmanos e judeus.

E você? Quem é formador de opinião para você? Quem você leva em conta ao tomar posição sobre algo?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Aos 30 anos

Algumas idades são como marcos na nossa vida. 15, 18, 20, 25, 30 anos... Não lembro bem dos meus 15, acho que não fiz festa, nem sei o que ganhei. Dos 18 sim, estava me tornando maior de idade, terminando o colegial, seria o primeiro da turma a tirar carteira de motorista (apesar de até hoje só dirigir em extrema necessidade, sim, preciso mudar isso urgentemente), e surgia aquele sentimento bobo que tem quem faz 18 anos: ”agora eu sou um homem, não mais um menino”. Os 20 não me marcaram muito, eu ainda tinha os mesmos amigos, morava em Avaré, não estava na faculdade, pois tinha largado o curso de Ciência do Esporte em Londrina. Era como fazer 18 anos com um pouquinho mais de experiência. Aí vieram os 25. Tinha me formado há 6 meses, estava de volta à casa dos meus pais e começava a cair a ficha de que agora sim, nem pras estatísticas eu era considerado “jovem”, e sim “adulto”. Bom, os anos foram passando, com meus altos e baixos, e em agosto fiz 30 anos. Ao contrário de muitas pessoas, não tenho problemas com isso, acho até legal, pois como me disse alguém: “você ainda não tem idade pra ser chamado de coroa, nem mais idade para ser considerado moleque, você é simplesmente homem”. Não sei se as pessoas também pensam assim, mas eu gostei do raciocínio e quando alguém disser que estou ficando velho vou recorrer a ele.
Mas fazer 30 anos também tem seu peso. Quem faz 30 anos sente que não há mais muito tempo pra errar, ou se há tempo, não quer mais errar. Não quer mais vagar de um trabalho pra outro, e principalmente, não quer ficar sem trabalho. Você ainda tem muita vida pela frente, mas para trás já tem o suficiente para parar e pensar no que fez dela até agora.
Seus amigos de infância estão na maioria casados, e se não estão casados estão quase. Alguns te olham com inveja por você ainda estar solteiro, alguns te olham com pena, te achando um desajustado que não consegue ter um relacionamento sério.
Aos 30 anos aquela turma homogênea que você via quase todos os dias quando tinha 18 anos está cada vez mais heterogênea e se vendo cada vez menos. Um já tem filha, outro se casou e luta pra se estabelecer como profissional liberal, um faz a segunda faculdade porque a primeira foi só pra garantir emprego e outro você quase não fala e não vê, mas apesar de não dizerem, talvez seja melhor assim, pois ele ainda tem a mesma energia dos 18 anos, e você decididamente não tem mais. Mas é um alívio quando aos 30 anos, nos raros momentos em que você fala com cada um deles, vê que o essencial não mudou, eles ainda são aqueles caras que levariam um soco por sua causa, apesar de ser razoável  que caras de 30 anos não saiam levando socos por aí, seja por si mesmos, seja por um amigo.
Aos 30 anos os amigos da faculdade também mudaram. Alguns que nem eram tão amigos passam a ser, outros que você se dava tão bem você não fala mais nem pela internet. Essa turma é diferente, tem gente que passou dos 30, gente que mal chegou aos 25, mas é justamente essa diversidade que faz com que ele sejam tão importantes. Alguns estão progredindo rapidamente na profissão, outros estão se lamentando pelo curso escolhido, alguns foram pra áreas que nem imaginavam, mas todos estão ali, lutando por um lugar. Vocês não conseguem mais beber dia e noite por 4 ou cinco dias seguidos, e hoje em dia não há mais caixas e caixas de cerveja na república de cada um, mas sempre que se juntam vocês se lembram de estórias da chamada melhor época da vida.
Aos 30 anos você não acha mais uma tragédia quando está em casa num sábado à noite, e nem se considera um fraco porque bebeu menos nesse carnaval do que naquele carnaval na praia aos 20 e poucos anos. Você revê muitos conceitos, mas tenta não virar um velho que acha que brincadeiras são coisa de quem não tem o que fazer. Você É um adulto, não precisa fazer força ou ser sisudo para se PASSAR por adulto. O mais importante é que aos 30 anos você não precisa se agarrar a verdades absolutas, mas é bom que já tenha parado de fazer concessões que vão de encontro a seus princípios. Você tem responsabilidades e objetivos que não tinha, mas pode reservar tempo pra falar abobrinha em um bar, e quem sabe, quem sabe, até mesmo dar uma cambalhota em um churrasco entre amigos. Afinal, melhor dar essa cambalhota agora, quem garante que você conseguirá aos 40? Ou melhor, quem garante que seus amigos estarão lá, para ainda achar isso engraçado?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Amigos

Dia desses estava pensando nos meus amigos. Nos mais antigos, nos mais recentes, nos de Avaré, nos que fiz na faculdade. E apesar de saber que cada pessoa é única, existem alguns “tipos de amigo” que encontrei ao longo desses meus 30 anos. Talvez você tenha algum amigo que une características de vários dos tipos, aliás, isso é bem provável, então vou listar aqui alguns amigos típicos que você provavelmente também tenha.

O 220v
Sabe aquele cara que em um final de semana quer ir a 5 baladas diferentes, 4 bares e ainda fazer um churrasco? Que no sábado quer ir andar de kart, jogar futebol e na volta parar num bar pra tomar uma antes de tomar banho, ir ao cinema e depois pra balada? Todo mundo tem um amigo assim. É um ótimo amigo pra quem é um pouco mais desanimado, porque ele sempre vai te animar e quando não animar ele vai dizer que você está velho. Você, pra provar que não está, vai fazer essa peregrinação com ele. A diferença é que no domingo à noite você vai estar quebrado, tanto física quanto financeiramente e ele vai estar novo em folha, afinal, ele é ligado no 220v.

O organizador
É aquele amigo que organiza as viagens, as baladas e até o campeonato de Winning Eleven. Ele tem um senso de organização acima da média, e acaba deixando todo mundo mal acostumado, porque sabem que se ninguém se mexeu pra viabilizar aquela viagem pro Alasca, ele já deve ter feito a reserva de avião e uma lista de 276 hotéis, com preços e prós e contras de cada um deles. É expert em Excel e a calculadora do celular é sua companheira fiel. Acaba ficando sobrecarregado, pois todo mundo recorre a ele quando não sabe se o quarto de um dos 276 hotéis no Alasca tem cama king ou queen size. Apesar de muito organizado não é um chato, pelo contrário, o pessoal pode tirar sarro da extrema organização dele, mas sabe que sem ele muita coisa não andaria.

O perdido
Esse é aquele que quando participa da viagem ao Alasca acha que está no Quênia. Ou que vai para um bar na Zona Sul quando todo mundo combinou no Centro. Ele dá várias voltas com o carro até encontrar o lugar, por isso o GPS é hoje um dos seus melhores amigos. Se em uma conversa você comenta que o casamento de fulano está chegando, ele responde: “Ahn? É memo??” sendo que todo mundo, inclusive ele, já foi convidado há alguns meses. Às vezes ele se perde dos amigos dentro de uma festa de 60 metros quadrados, afinal, ele é o perdido. Mas tudo bem, quando isso acontece, ele simplesmente encosta num canto e dorme, porque alguém sempre acha o perdido, que aí passa a ser o encontrado.

O mal-humorado gente boa
Sim, pode parecer estranho, afinal quem é mal-humorado geralmente é um saco. Como pode ser gente boa um cara que solta grunhidos, que resmunga como o Rabugento do desenho, ou que te manda praquele lugar só porque você disse que ele tá chato? Em compensação o mal-humorado gente boa sempre tá lá se você precisar dele. Se você torceu o pé e alguém precisa te levar ao médico, ele tá lá. Se você precisa duma carona pra rodoviária, ele tá lá. Faz numa boa favores que outros fariam de cara feia ou nem fariam. Talvez o mau humor seja só charminho, vai saber...

O resolvedor de problemas
O resolvedor de problemas é aquela pessoa que não pensa muito quando algo precisa ser feito. Ele simplesmente faz. De vez em quando acaba sendo meio autoritário, mas não por que quer mandar, mas sim porque muito papo e pouca ação irritam o resolvedor. Geralmente é um engenheiro, uma japa disciplinada ou alguém que sempre teve de se virar sozinho, mas também pode ser tudo isso ao mesmo tempo

O chucrão
Sabe aquele cara que quando uma porta emperra, prefere abrir no chute a chamar o chaveiro? Aquele que abre garrafa no dente, que te joga na piscina de roupa e tudo só pra brincar e não sabe a diferença entre torta e bolo? Ele também costuma ser o primeiro a comprar uma briga, afinal as maiores qualidades do chucrão são a simplicidade e a lealdade canina aos amigos

O engraçado
O engraçado geralmente é aquele cara que não se acha engraçado. Ele não é um piadista nato, mas sempre tem uma tirada instantânea que faz todo mundo rir. Às vezes ele é engraçado só quando está bêbado, às vezes ele é engraçado até quando quer falar sério. O fato é que sem os engraçados toda turma de amigos seria mais chata.

O pau pra toda obra
Aquela pessoa que quando falam dela sempre segue a frase: “nossa, fulano é pau pra toda obra!”. Se você quer tomar uma cerveja e não tem companhia, ele vai, se você quer organizar um churrasco, ele começa a ligar pra pessoas, se propõe a fazer as compras e quando o churrasco começa, ele ta lá, acendendo a churrasqueira, temperando a carne e servindo as pessoas. Precisa de carona, precisa contar um segredo? Ele ta lá também. Enfim, ele é um coringa, faz tudo o que precisar pra ver os amigos bem e ajuda não por obrigação, mas porque é natural pra ele.

O aglutinador
É aquele que todo mundo gosta. Aquele que se a turma se afastar, sempre vai ter vários convites, afinal ele não é amigo de um e só colega de outro, todos o consideram amigo. Geralmente ele não briga com ninguém, mesmo quando teria motivos pra isso, está sempre com um sorrisão na cara e se você ligar pra ele no meio da madrugada de uma terça, ele vai te atender sem te xingar. Andar com ele no seu habitat é um sacrifício, atravessar uma festa de um lado a outro quase impossível, pois ele parece arame farpado em blusa de lã, impossível não enroscar.
É a ele que recorrem quando algum dos amigos fica com frescura e diz que não quer ir a algum lugar com a turma, pois todo mundo se sente mal em dizer não pra ele.

O irmão
Esse todo mundo tem, e para alguns sortudos (me considero um) pode ser mais de uma pessoa. Geralmente, além da grande afinidade, vocês passaram por várias coisas juntos. Podem ficar meses e até anos sem se ver, mas quando se encontram é a mesma coisa. Rolam as mesmas histórias que já enjoaram todas as outras pessoas que escutaram, mas vocês não estão nem aí, afinal, esse passado em comum é uma das coisas que fazem vocês tão amigos. Você sabe que pode contar com ele mesmo quando vocês discordam e ele sempre está preocupado quando algo não está dando certo pra você, sempre torcendo quando você inicia um novo projeto. Com ele não existe falta de assunto, mas se quiserem também podem ficar cada um quieto no seu canto, não é um silêncio incômodo.

E aí, faltou algum tipo? Com certeza sim. E pros meus amigos que leram o texto, alguém se identificou?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um blog


Há algum tempo penso em ter um blog. Não porque está na moda, e está, se você começar a navegar pelos blogs encontra tanta coisa sobre os mais variados assuntos, pode passar horas, dias, fazendo isso. Quis ter um blog porque gosto de escrever. Gosto também de dar minha opinião sobre as coisas, mesmo quando na ela não é solicitada. Não que eu faça o tipo xereta, não vou opinar no casamento de alguém nem dizer que sua roupa é feia, mas gosto de opinar sobre temas que me fazem pensar. Acho que as coisas que mais gostava no tempo da faculdade eram as reuniões da Atlética e da RPJr, pois quando havia alguma discussão eu podia exercitar a argumentação. E apesar de longe de ser o rei da retórica, diziam que eu me comunicava bem. Porém, esse blog nunca saiu da minha cabeça, ou por achar que não havia o que dizer, ou por medo de ser julgado, não sei. O que sei é que os acontecimentos desses últimos tempos e a leitura de alguns blogs muito bons me fizeram colocar em prática a ideia do blog. Bom sinal, quem sabe logo também não coloco em prática a ideia de jogar futebol pelo menos uma vez por semana, a ideia de ser mais persistente em algumas coisas, a ideia de voltar a dirigir com freqüência.

O Rodeio de Gordas do InterUnesp


Uma das coisas que me fez começar a escrever o blog foi essa notícia de rodeio de gordas que aconteceu durante o InterUnesp.
Pra quem não sabe, fiz Unesp, fui a 10 edições do InterUnesp, participei da organização dos jogos, trabalhei em uma empresa de eventos que organizou as festas dos jogos em 2008, enfim, tenho uma ligação com o evento que poucos têm, e apesar de muita gente achar que é sinal de Síndrome de Peter Pan ter ido a 10 edições sendo 6 depois de formado (contando a que trabalhei), me deixa profundamente chateado ver que neste evento pessoas que supostamente deveriam ser a futura elite intelectual do país ou no mínimo seres pensantes, agem assim.
Após voltar do InterUnesp vi em uma comunidade virtual dos jogos que havia um tópico denominado Rodeio de Gordas. Como não é algo que eu faria, não me dei ao trabalho de ler, procurar vídeos ou algo assim. Felizmente algumas pessoas fizeram e com toda razão foram atrás de alguma punição para os “peões” que, arrependidos (eles se dizem, não sei nem nunca saberei se estão mesmo ou se é apenas senso de auto-preservação), tiraram o tópico e a comunidade do ar. Entretanto o estrago já estava feito, tanto pra eles quanto principalmente pras moças que foram “toureadas”. No InterUnesp há muitas brincadeiras, como é de se esperar de jogos estudantis, mas a maioria delas são apenas isso, brincadeiras. Caras pedindo beijos, gente vestida de He-man, de Goku ou de Paquita, gente de cueca e bota e etc.
O problema é que isso não pode ser classificado como brincadeira. Talvez pra esses “peões” tenha sido e é aí que o bicho pega. Algo está muito, muito errado quando você perde qualquer capacidade de empatia, quando acha normal agarrar uma menina mais gordinha e não deixá-la ir embora enquanto fala no ouvido que ela é a menina mais gorda da festa, ao passo que uma galera vê e gargalha com a cena. É o mesmo tipo de raciocínio, ou de falta de, que leva pessoas a jogarem ovos em mendigo, espancar alguém porque é homossexual e, levada ao extremo, tocar fogo em um índio. Não é como cantar musiquinhas politicamente incorretas ou dar cambalhotas, é pegar no calo de pessoas que provavelmente são estigmatizadas desde a época da escola, e que pensavam que na universidade fossem encontrar adultos que, por poder pensar, não seriam tão cruéis como as crianças podem ser.
Como esses caras serão punidos eu não sei. Tenho minhas dúvidas se a expulsão seria uma boa punição. Creio que medidas educativas poderiam ser adotadas, mas se você me perguntar “Quais?” não saberei responder. Enfim, ainda estou meio atordoado pela repercussão que o fato tomou e espero que os oportunistas de plantão não usem isso pra generalizações, como se todo universitário fosse idiota ou bandido. Já ouvi muita besteira, tanto sobre os jogos quanto sobre a Unesp. Acredite, ver em rede nacional o nome da universidade que você freqüentou e da qual se orgulha, jogado na lama por 5 ou 50 babacas “peões”, entristece.

Recomendo!


Seguindo no twitter um colega do tempo de faculdade, via q ele retuitava várias mensagens duma menina. E eram “posts” engraçados, interessantes, alguns pra fazer pensar e outros só pra divertir mesmo. Resolvi segui-la. No final das contas a menina era mesmo divertida, mas não aquela diversão fácil sabe? Me peguei respondendo ou retuitando “posts” dela também. Uma coisa leva a outra e acabei entrando no blog que ela escreve e em outro, que ela escreve em conjunto com duas meninas. Que boa surpresa! A menina escreve muito bem, tanto pelo conteúdo, quanto pela forma. Dia desses comecei a ler dos posts antigos aos recentes e, quando vi, havia passado mais de duas horas lendo o blog dela. Coisas leves, coisas engraçadas, críticas, tem de tudo um pouco, mas sem o pedantismo clássico de quem se acha mais inteligente do que os reles mortais. Ela diz que ainda quer ser escritora, que ainda escreverá livros. Escritora pra mim ela já é, e certamente escreverá livros, e tão certamente quanto, eu os comprarei.
O nome dela é Carolina Bataier, jornalista formada pela Unesp (aê Unesp!), a gente nem se conhece pessoalmente, mas recomendo, caso eu tenha algum leitor, que acessem ambos os blogs:

E esse é o blog pessoal. Muito legal!

Esse é o que ela escreve com mais duas garotas, também muito interessante

Eleição desanimadora


Tenho 30 anos, voto desde 1996, mas sempre me interessei por política. Acredite, até 2006 eu via o horário político porque gostava. Em 1989 sabia o nome e o número de todos os candidatos a Presidente e até a ordem deles na cédula. Em 1986 meus pais gravavam em K7(pena que essas fitas se perderam no tempo) meus discursos de vários minutos sem parar, imitando os políticos que via na TV. Além do mais, até meus 12 anos meu pai foi militante político, havia reuniões partidárias na minha casa e até candidato a vice-prefeito ele já foi. Por tudo isso eu não me encaixo na maioria da população que diz detestar política, ao invés disso, eu GOSTO de política.
Acho que justamente por sempre ter gostado e me interessado por política é que fico decepcionado com o modo que essa eleição afetou minha vontade de seguir a campanha. É lastimável ver que ao invés de dizerem como vão resolver a falta de professores e de engenheiros no futuro próximo, os dois candidatos prefiram falar de aborto. Quem trouxe essa discussão para a agenda política? Sinceramente não sei, mas nenhum dos dois tem coragem de tirar, de levar o debate ao campo das propostas. Talvez porque nenhum dos dois tenha realmente propostas, já que a campanha da Dilma é puramente dizer que vai continuar o governo do Lula e a do Serra é dizer que vai continuar o que o Lula faz e atrai voto e mudar o resto. Muito vago não? Muito pouco pra quem se propõe a governar um país do tamanho do Brasil por 4 ou quem sabe, 8 anos. Não bastasse isso, ainda há os fanáticos, minha caixa de emails está inundada de mensagens dizendo que o Serra é o demônio, que não gosta de pobre e de outras dizendo que a Dilma é assassina e sapatão. Infelizmente e ainda mais triste, é constatar que tanto a campanha quanto nossa classe política são reflexos de nós mesmos.
Além dessa campanha baixa, olhar pros candidatos e ver quem são alguns de seus aliados é desanimador. Claro que todo partido tem bons e maus quadros, claro que ninguém governa sozinho. Mas é difícil acreditar que a Dilma possa ter orgulho de ser apoiada pelo Sarney, representante da oligarquia mais atrasada do país, ou que o Serra tenha orgulho de ser apoiado pelo Caiado, o que há de mais conservador na política, especialmente ambiental e agrária.
Votarei dia 31, mas com toda certeza essa é a eleição mais desanimadora que já vi.