sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Aos 30 anos

Algumas idades são como marcos na nossa vida. 15, 18, 20, 25, 30 anos... Não lembro bem dos meus 15, acho que não fiz festa, nem sei o que ganhei. Dos 18 sim, estava me tornando maior de idade, terminando o colegial, seria o primeiro da turma a tirar carteira de motorista (apesar de até hoje só dirigir em extrema necessidade, sim, preciso mudar isso urgentemente), e surgia aquele sentimento bobo que tem quem faz 18 anos: ”agora eu sou um homem, não mais um menino”. Os 20 não me marcaram muito, eu ainda tinha os mesmos amigos, morava em Avaré, não estava na faculdade, pois tinha largado o curso de Ciência do Esporte em Londrina. Era como fazer 18 anos com um pouquinho mais de experiência. Aí vieram os 25. Tinha me formado há 6 meses, estava de volta à casa dos meus pais e começava a cair a ficha de que agora sim, nem pras estatísticas eu era considerado “jovem”, e sim “adulto”. Bom, os anos foram passando, com meus altos e baixos, e em agosto fiz 30 anos. Ao contrário de muitas pessoas, não tenho problemas com isso, acho até legal, pois como me disse alguém: “você ainda não tem idade pra ser chamado de coroa, nem mais idade para ser considerado moleque, você é simplesmente homem”. Não sei se as pessoas também pensam assim, mas eu gostei do raciocínio e quando alguém disser que estou ficando velho vou recorrer a ele.
Mas fazer 30 anos também tem seu peso. Quem faz 30 anos sente que não há mais muito tempo pra errar, ou se há tempo, não quer mais errar. Não quer mais vagar de um trabalho pra outro, e principalmente, não quer ficar sem trabalho. Você ainda tem muita vida pela frente, mas para trás já tem o suficiente para parar e pensar no que fez dela até agora.
Seus amigos de infância estão na maioria casados, e se não estão casados estão quase. Alguns te olham com inveja por você ainda estar solteiro, alguns te olham com pena, te achando um desajustado que não consegue ter um relacionamento sério.
Aos 30 anos aquela turma homogênea que você via quase todos os dias quando tinha 18 anos está cada vez mais heterogênea e se vendo cada vez menos. Um já tem filha, outro se casou e luta pra se estabelecer como profissional liberal, um faz a segunda faculdade porque a primeira foi só pra garantir emprego e outro você quase não fala e não vê, mas apesar de não dizerem, talvez seja melhor assim, pois ele ainda tem a mesma energia dos 18 anos, e você decididamente não tem mais. Mas é um alívio quando aos 30 anos, nos raros momentos em que você fala com cada um deles, vê que o essencial não mudou, eles ainda são aqueles caras que levariam um soco por sua causa, apesar de ser razoável  que caras de 30 anos não saiam levando socos por aí, seja por si mesmos, seja por um amigo.
Aos 30 anos os amigos da faculdade também mudaram. Alguns que nem eram tão amigos passam a ser, outros que você se dava tão bem você não fala mais nem pela internet. Essa turma é diferente, tem gente que passou dos 30, gente que mal chegou aos 25, mas é justamente essa diversidade que faz com que ele sejam tão importantes. Alguns estão progredindo rapidamente na profissão, outros estão se lamentando pelo curso escolhido, alguns foram pra áreas que nem imaginavam, mas todos estão ali, lutando por um lugar. Vocês não conseguem mais beber dia e noite por 4 ou cinco dias seguidos, e hoje em dia não há mais caixas e caixas de cerveja na república de cada um, mas sempre que se juntam vocês se lembram de estórias da chamada melhor época da vida.
Aos 30 anos você não acha mais uma tragédia quando está em casa num sábado à noite, e nem se considera um fraco porque bebeu menos nesse carnaval do que naquele carnaval na praia aos 20 e poucos anos. Você revê muitos conceitos, mas tenta não virar um velho que acha que brincadeiras são coisa de quem não tem o que fazer. Você É um adulto, não precisa fazer força ou ser sisudo para se PASSAR por adulto. O mais importante é que aos 30 anos você não precisa se agarrar a verdades absolutas, mas é bom que já tenha parado de fazer concessões que vão de encontro a seus princípios. Você tem responsabilidades e objetivos que não tinha, mas pode reservar tempo pra falar abobrinha em um bar, e quem sabe, quem sabe, até mesmo dar uma cambalhota em um churrasco entre amigos. Afinal, melhor dar essa cambalhota agora, quem garante que você conseguirá aos 40? Ou melhor, quem garante que seus amigos estarão lá, para ainda achar isso engraçado?

3 comentários:

  1. É Avaré, única coisa que é justa com todo mundo nessa vida é o tempo! Ele é igual pra todos. Cada um decide o que fazer com o seu, mas todos seguem a mesma trilha. E fique tranquilo, seja aos 30, aos 40 ou aos 50, uma cambalhota num churrasco, se bem dada, é sempre engraçada. O interunesp pode não ser o mesmo, mudar de ano pra ano. Porém, as "peripércias" sempre caminha ao lado da essência de cada um de nós, que mesmo homens gostamos de brincar!
    Abração.
    Temo

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  2. Lindo. Falou tudo o que eu não consegui e ficou preso na garganta, escondido pela vergonha de envelhecer. Obrigado, primo.

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  3. Adorei!!! Ainda não cheguei nos 30, mas estou quase lá.. Muito legal!!

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