quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Rodeio de Gordas do InterUnesp


Uma das coisas que me fez começar a escrever o blog foi essa notícia de rodeio de gordas que aconteceu durante o InterUnesp.
Pra quem não sabe, fiz Unesp, fui a 10 edições do InterUnesp, participei da organização dos jogos, trabalhei em uma empresa de eventos que organizou as festas dos jogos em 2008, enfim, tenho uma ligação com o evento que poucos têm, e apesar de muita gente achar que é sinal de Síndrome de Peter Pan ter ido a 10 edições sendo 6 depois de formado (contando a que trabalhei), me deixa profundamente chateado ver que neste evento pessoas que supostamente deveriam ser a futura elite intelectual do país ou no mínimo seres pensantes, agem assim.
Após voltar do InterUnesp vi em uma comunidade virtual dos jogos que havia um tópico denominado Rodeio de Gordas. Como não é algo que eu faria, não me dei ao trabalho de ler, procurar vídeos ou algo assim. Felizmente algumas pessoas fizeram e com toda razão foram atrás de alguma punição para os “peões” que, arrependidos (eles se dizem, não sei nem nunca saberei se estão mesmo ou se é apenas senso de auto-preservação), tiraram o tópico e a comunidade do ar. Entretanto o estrago já estava feito, tanto pra eles quanto principalmente pras moças que foram “toureadas”. No InterUnesp há muitas brincadeiras, como é de se esperar de jogos estudantis, mas a maioria delas são apenas isso, brincadeiras. Caras pedindo beijos, gente vestida de He-man, de Goku ou de Paquita, gente de cueca e bota e etc.
O problema é que isso não pode ser classificado como brincadeira. Talvez pra esses “peões” tenha sido e é aí que o bicho pega. Algo está muito, muito errado quando você perde qualquer capacidade de empatia, quando acha normal agarrar uma menina mais gordinha e não deixá-la ir embora enquanto fala no ouvido que ela é a menina mais gorda da festa, ao passo que uma galera vê e gargalha com a cena. É o mesmo tipo de raciocínio, ou de falta de, que leva pessoas a jogarem ovos em mendigo, espancar alguém porque é homossexual e, levada ao extremo, tocar fogo em um índio. Não é como cantar musiquinhas politicamente incorretas ou dar cambalhotas, é pegar no calo de pessoas que provavelmente são estigmatizadas desde a época da escola, e que pensavam que na universidade fossem encontrar adultos que, por poder pensar, não seriam tão cruéis como as crianças podem ser.
Como esses caras serão punidos eu não sei. Tenho minhas dúvidas se a expulsão seria uma boa punição. Creio que medidas educativas poderiam ser adotadas, mas se você me perguntar “Quais?” não saberei responder. Enfim, ainda estou meio atordoado pela repercussão que o fato tomou e espero que os oportunistas de plantão não usem isso pra generalizações, como se todo universitário fosse idiota ou bandido. Já ouvi muita besteira, tanto sobre os jogos quanto sobre a Unesp. Acredite, ver em rede nacional o nome da universidade que você freqüentou e da qual se orgulha, jogado na lama por 5 ou 50 babacas “peões”, entristece.

4 comentários:

  1. Adorei seu blog, mais ainda o texto sobre o tal "rodeio"...
    Veja mais um texto e meu comentário, claro, neste endereço abaixo...

    http://charlesbonetti.blogspot.com/2010/10/rodeio-das-gordas-geisy-e-eleicoes-para.html

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  2. Triste mesmo, Ava...
    Pra quem já foi em 10 ou 6 ou 2 edições de Inter, é triste ver que mesmo com o trabalho de tanta gente antes e durante o evento, a repercussão que tem na mídia é por causa de alguns retardados com problemas de educação. Porque pode falar o que for, mas continuo achando que desrespeitar outra pessoa como eles desrespeitaram, é pura falta d eeducação.

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  3. Ava, foi tão lamentável, tão vergonhoso... eu tentei escrever sobre isso, mas essa UNESP daí não é a que eu conheci, com certeza.
    Por isso eu ainda me orgulhe muito da NOSSA Unesp!

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  4. Fico pensando no seguinte...De onde surgem essas idéias?
    Costumávamos dizer que a universidade era um microcosmos da sociedade, um espelho do melhor e do pior que a sociedade tem.

    Portanto uma atitude como essa, é exatamente o que a sociedade prega.
    Hoje as pessoas que não se enquadram num determinado padrão, outro dia foram (e continua sendo) as pessoas com opções sexuais diversas da corrente marjoritária.
    Espanta por serem universitários? Não me espanta, todos tem pais, mães como os meninos da favela, o que determina a ação, as atitudes é o preconceito e a sensação de impunidade que paira em todos os segmentos da sociedade, universitários ou não, ainda vivemos num mundo preconceituoso e mesquinho.

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